quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

A sutil invasão de privacidade

Não faz muito tempo que impera a necessidade de interagir, de inserir-se na comunicação onipresente. A sociedade impõe-nos com urgência estarmos sempre disponíveis para qualquer um e em qualquer situação, já para as empresas é importante o controle de tudo que é produzido e até mesmo se conseguiu atingir o objetivo maior que é chegar ao consumidor sendo este mais um número em estatísticas de fidelização.

A tecnologia do sempre conectado surgiu de forma explícita para encurtar as distâncias e dar segurança ao cidadão, neste ponto de vista já domesticado pelo império do medo, o cidadão aceita complacentemente qualquer coisa que carregue o lema “para a sua proteção” e implicitamente esta tácita tecnologia embrenha-se para gerenciar perfis de consumo com técnicas mais sutis e invasivas.

O celular nosso amigo de toda hora, ou melhor de todo o segundo, demonstra a cada Natal que é o presente da vez, a abrangência que atinge seja em qual camada social for, é cada vez maior chegando o índice de uso ser superior a um celular por pessoa em algumas cidades. É a tecnologia encorpada em localizador camuflado, pois permite perimetrar as andanças de quem a usa, é a nova tática para triunfar na guerra entre fixos e móveis. Para que não pensem que seja loucura, algumas operadoras de celular em mais uma dessas promoções, propagandeam que o equipamento móvel passaria a ser similar a um fixo com preços módicos. Para obter tal benefício é necessário seguir um ritual que deve ser feito dentro de casa conforme a praxe da operadora. Agora não ache estranho se o celular passasse a ser chamado de dedurador-de-localização-telefônico.

Já outra tecnologia de comunicação é o GPS (sistema de posicionamento global) que permite localizar um objeto que a contenha, está cada vez mais presente na sociedade, seja para rastrear a integridade de um caminhão, avião ou navio, seja para facilitar a locomoção nas cidades. Esta presença, já está em certo ponto tão profunda que serve aos paranóicos transformarem o objeto em parte do corpo humano vislumbrando em proteção anti-sequestro. É a tecnologia avançando em nome da segurança.

Com o crescimento da cadeia de produção as empresas estão ávidas por um melhor e detalhado controle. Esta melhoria está sendo implantada por meio de etiquetas inteligentes denominadas RFID. Intrinsecamente elas contém informações do produto tais como: conteúdo, fabricante, validade e a mais interessante a localização, pois estas etiquetas emitem ondas de rádio-frequência que possibilitam obter os dados citados isto quando próximos a determinados receptores eletrônicos.

Fica o pensamento que em futuro não muito distante ao sair de um supermercado, o cliente não passará mais por caixas registradoras, mas sim somente por uma saída em que fornecerá o seu cartão de crédito já com as compras todas contabilizadas. Mas persiste a seguinte dúvida, será que os RFID's uma vez completado o objetivo de chegar ao consumidor cessarão de emitir o sinal ou ao aproximar de outro “inocente” receptor eletrônico voltaram a dedurar a sua localização ?
Não pense que estou falando do seu novo brinquedo que permite navegar na Internet sem aqueles emaranhados de fios. Pensando melhor, talvez a sutil invasão esteja só começando.

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