segunda-feira, 28 de maio de 2007

A paz sob escolta de guerra

A visita do Papa ao Brasil no mês de maio não só lavou e purificou corações e mentes dos fiéis católicos, bem como colocou o Brasil no altar dos santos com a beatificação de Frei Galvão primeiro santo nascido no país. A visita foi um grande espetáculo, seja no tamanho da multidão que compareceu à missa, seja no grande e extensivo aparato militar de proteção digno dos que se fazem em tempos de guerra para um chefe de estado.

Na grande mídia o assunto orbitou reiteradamente na beatificação do santo brasileiro, locais por onde o Papa iria passar e ou ficar, nas vestes, comidas e na cadeira que o santo padre iria vestir, comer e sentar e na proteção que a polícia conjuntamente com o exército iriam proporcionar à população. Nota-se que a mídia divulgava, mesmo em volume baixinho, que a força militar estaria ali mais para proteger a população do que o Papa. Como já dizia o título de um programa televisivo “Acredite se quiser”.

No Campo de Marte a missa transcorreu divinamente tranqüila mas só faltou aparecerem alguns famigerados marcianos pois a presença da pesada artilharia demonstrou que estavam ali mais para uma guerra do que manter a tranqüilidade da missa ainda mais que no local foram avistados alguns tanques de guerra, vários helicópteros, dezenas de centenas de soldados e um sem número de atiradores de elites, tudo isto em prontidão para proteger a indefesa multidão de fiéis.

Neste cenário o que não fica claro é que quando o Dalai Lama, também uma Santidade, vem às nossas terras não carece de nababesca proteção militar.

Mas um assunto que passou longe dos holofotes midiáticos (vide em: O Papa e a CLT) foi o pedido do Vaticano para o Brasil não reconhecer o ofício de padres e sacerdotes como relação trabalhista. Pois se assim o fizer o Brasil iria abrir as comportas de uma enxurrada de processos trabalhistas impetrados pelos sacerdotes contra a Igreja, mas também daria forma a um enorme passivo trabalhista a favor do governo brasileiro em detrimento do episcopado.

E que o Papa venha todos os dias para nos proteger.