quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dinheiro como estupidificador intelectual

De pouco tempo pra cá temos sido constantemente informados que o clima da terra está mudando, seja em aumento da temperatura, seja em constantes e mais presentes intempéries e isto tudo como consequência do efeito estufa que é o acúmulo de gases que impedem a saída do calor da terra. Essas informações todo mundo já está cansado de saber, mas o que este texto evidencia é como o dinheiro estupidifica a ciência, fazendo-nos passar por ignorantes e alienados.

Os alertas referentes às mudanças climáticas já existem há mais de uma década. Foram ao longo deste período, apresentados por ativistas ecológicos, cientistas de pouca expressão e reconhecimento mais técnico-acadêmico do que propagandístico, isto não sendo indicativo de fragilidade argumentativa ou imperícia, mas sim de munição para empresas capitalistas que tem em seu bojo a cultura do lucro inescrupuloso, para denegrir qualquer ínfima notícia que utilize tais alertas e por fim calar toda a voz que ameace o seu status ou norma vigente do lucro fácil sem preocupações ambientais. Ou seja, a informação para ser factível e ter um certo tom de respeitabilidade precisa vir de meios sérios sendo veiculada pelas grandes redes, pelas autoridades que ditam o modo operandis do sistema.

O cume da imbecilização se deu no dia 01 de fevereiro de 2007 em Paris, capital da França, na conferência da ONU sobre o clima. Onde diversos “cientistas” e participantes chegaram a sublime conclusão que o aquecimento global é causado pelo homem. O que causa grande constrangimento é que estes cientistas, seres iluminados sob o arrepio da razão achem que a população, em geral, ostente na testa um atestado de burrice-néscio-contaminante (eu sei que esta palavra não existe mas o sentimento que se traduz é quase este) em pensar que somente agora depois da dita reunião, que a causa do aquecimento global pôde ser descoberta. Agora fica a pergunta no ar: Se não fosse a ação do homem na terra a causar tais problemas o que nós poderíamos indiciar para tanto?

Não iremos fazer um tratado de geologia, mas sim, contar um pouco de estória. Supondo que a terra tenha 100.000 anos de idade e de lá pra cá, vem sofrendo variações climáticas, de certo modo mensuráveis e previsíveis, com base em métodos estatísticos percebemos que as intempéries ocorrem dentro de certos padrões e períodos não muito voláteis. Dentro deste escopo, com a revolução industrial, com o aumento da emissão de gases poluentes, sejam de origem animal, mineral ou vegetal, com o cultivo agropecuário em larga escala em áreas dantes florestais e várias outras intervenções fazem daqueles padrões pretéritos comportados passarem a ser enormemente diferentes e amiúde mais mutáveis a cada ano. E essas intervenções são originárias da presença do homem e suas andanças pela terra em nome da sobrevivência.

Será que era realmente preciso reunir diversos cientistas, que tem toda vida científica patrocinada por empresas, que detém o pódio em poluição ambiental permitirem seus pupilos chancelarem pesquisas que contrariem seus interesses, chegassem a óbvia conclusão que o aquecimento global é culpa do ser humano ?

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

O problema do lixo tecnológico (e-lixo)

Hoje escrevo com um certo pesar sobre o problema dos resíduos da produção tecnológica e o qual não vejo solução imediata. Seria eu ingrato falar mal do equipamento que hoje uso por ele ser futuramente um peso ecológico, mas não podemos fechar os olhos para o que acontece com o e-lixo.

Existem diversos fatores que aceleram a produção do lixo eletrônico, mas um dos que mais prejudicam é a extração da matéria-prima que compõem os equipamentos. O níquel, metal este em abundância no nordeste goiano mais precisamente em Niquelândia e Barro Alto – GO, que são cidades altamente cobiçadas pelas mineradoras devido ao níquel de alta qualidade que serve para produção de CD´s e DVD´s. Em larga escala, os CD´s são ofertados com facilidade em mercados, shoppings e feiras, mas que logo logo estarão em algum lixão jogado ao relento, pois muitos servem de apetrechos de equipamentos que rapidamente estarão obsoletos em mais uma onda do modismo tecnológico. Isto sem falar nos CD´s e DVD´s de baixa qualidade fornecidos pelo mercado cinza do entretenimento.

A complexidade inerente aos circuitos do equipamento eletrônico dificulta o conserto isolado de um módulo já que este, sendo novo, é oferecido em muitas vezes a preços mais comedidos do que o próprio serviço de conserto. Como a placa contém metais pesados sendo não consertada irá jazer ao ar livre em algum lixão próximo agredindo o meio ambiente.

O trabalho da indústria de software fomenta sobremaneira a rápida obsolescência do hardware impulsionando na esteira mais equipamentos velhos a serem acumulados no aterro. No final do mês passado foi o lançamento do Windows Vista, sistema operacional da Microsoft, com muitas novidades que na verdade são mais perfumaria do que produtividade. Na troca do sistema, para o mínimo do sistema funcionar tem que trocar por mais poderoso: o processador, a memória, o disco rígido, a placa de vídeo, ou seja, um novo computador. O impacto ecológico com a chegada do Vista é tão grande que até o Greenpeace está engajado na luta contra o lixo tecnológico que irá ser produzido. Vide site da folha de São Paulo.

O status de quem vive da tecnologia conjuntamente com os ditames do estilizado modelo vigente acabam de minar qualquer força restante na economicidade racional perante o justo uso do equipamento.

Seria o caso de pensar em produzir tecnologia com respaldo ecológico em que a indústria já se comprometesse a buscar componentes que tenham características recicláveis, ou seja, utilizações de técnicas e insumos de menor ataque ambiental. Por exemplo, o papel eletrônico para visualização de textos serve na substituição (leia-se não compra) de monitores de vídeos e bem como na economia de papel. Vide Livro eletrônico, uma necessidade publicado em 12/01/2007.

O capitalismo selvagem empurra-nos equipamentos com preços forçadamente baixos que precisam de insumos caros (com o viés de compensação) e de pouco rendimento onde muitas vezes custam 50% ou mais em relação ao produto principal onde torna-se preferível a compra de um novo equipamento a abastecer-se somente do insumo. E sem falar que tudo isto vem envolto em nocivo plástico de difícil absorção pelo o meio ambiente. Pelo início do parágrafo temos a impressão de estarmos fazendo um bom negócio, mas não tardará que o resultado da empreita seja cobrado na forma de um mundo mais sujo chegando ao ponto da irreversibilidade, em que a homeostase ecológica não mais acontecerá.