terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Brasil e o crescimento do espetáculo

No começo era o espetáculo do crescimento. A mídia não cansava de publicar que agora é para valer e vinha o seu presidente a plenos pulmões dizer que o Brasil é o país do futuro, que vai crescer, será de primeiro mundo.

Como o tempo cura tudo não deixaria também de curar mais um surto psicótico do super homem da faixa verde-amarela. Não falo de um caso isolado, pois isto se repete a cada quatro anos sendo mais precisamente quando o cargo maior da república deixou de ser monopólio militar.

O assunto, o Brasil que não cresce, tem vários meandros e vertentes, mas por questão de espaço e tempo de vocês vou me ater em dois tópicos: A eleição da Câmara dos Deputados e o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A eleição da Câmara deixou as coxias do teatro eleitoral para receber os holofotes da imprensa. Neste cenário se cercar vira manicômio e se cobrir vira circo e onde o presidente espera a Câmara e Câmara espera o presidente demonstra que realmente estamos em um país de faz de conta. O palco está completo para confirmar que o processo não é sério começando que janeiro é um mês apático, fevereiro o da esbornia e que se junta em mais uma nova “pizza”, agora só falta a música de fundo dizer: “Vamos comemorar como idiotas. A cada fevereiro e feriado”. E a platéia amiúde cansada de ver o mesmo queimado filme, quer o ingresso de volta, fica estupefata com a rixa entre parlamentares para ver quem irá ter a caneta dourada assinar o temerário aumento dos pobres representantes políticos.

O PAC tem tudo para dar certo, mas tem um pequenino problema que é o país onde foi gerado, o Brasil, país que tem a maior carga tributária, a maior taxa de juros, a maior das piores distribuição de renda, a maior corrupção, a maior impunidade não poderia também deixar de ser o maior concentrador de tudo o que há de pior para um país crescer. Como se já não bastasse temos ainda que lidar com a fogueira de vaidades dos partidos políticos, onde o que se planta, nada dá.

Tudo bem o programa é muito bonitinho ainda mais do jeito que foi panfletado já era para está sendo executado, mas esqueceram de dizer que o Brasil também tem troféu em burocratizar. Pra começar: o Congresso tem que aprovar, a esquerda se vangloriar, a direita com recurso entrar, a Câmara presidente apresentar, o STF julgar, o MPU julgamento confirmar, o político cueca estufar, o governo mais arrecadar, o povo menos ganhar, a população rezar, o papa abençoar, os planetas alinhar e se agora o texto rimar não estranhe o espetáculo do crescimento não vingar e o crescimento do espetáculo aumentar.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

A dificuldade em ler

A grandiosidade e a extensão do Brasil não é refletida na quantidade de pessoas devotadas a leitura. Nota-se que em diversos eventos culturais há um número bem menor de pessoas que vão às feiras e encontros quando comparado ao tamanho da população. Esta discrepância quantitativa é merecida por diversos fatores, mas que giram em torno deficiência escolar.

Antes de externar os fatos, mais precioso seria um exame de auto-conhecimento que denotaria termos problemas de ordem salutar na população que atrapalham a leitura. Dos cinco sentidos, a visão é de longe a mais importante para a leitura. Se esta faculdade estiver defeituosa, a qualidade do aprendizado também será precária. Aliada ao custo de uma consulta oftamológica, grande parte da população apresenta vários problemas de vista: Catarata, olho seco, miopia e vista cansada são algumas das enfermidades que se apresentam como inimigos da boa leitura.

A falta de conhecimento e a ignorância favorecem a proliferação de maus costumes em relação à leitura; já não é fácil sair da inércia cultural, pois a falta de bons leitores-exemplos pioram e dificultam a escalada no hábito de ler, e o desconhecimento que um bom local de leitura propicia são fatores que deveriam ser combatidos com boas idéias, tais como: grupo de discussão nas escolas e bairros, criação de locais apropriados a leitura com boa iluminação, baixo nível de ruído, diversidade de textos e periódicos e uma maior divulgação da agenda cultural da cidade são pontos centrais a serem desenvolvidos.

A incipiência no contato com a leitura demonstra a necessidade de textos inicializadores que não amedrontem os leitores. É comum nas escolas primárias já envolverem os alunos em textos da alta literatura de extremo rebusco que mais fazem assustar do que formar futuros leitores. É prioritário nesta fase conquistar a confiança dos alunos com textos de fácil compreensão e aprendizado.

Uma pessoa que não lê será um gerador de não leitores. A natureza nos coloca um desafio: se somos pais sem intimidade com a leitura, como faremos que nossos filhos sejam assíduos em ler? O aprendizado inicial se dá na forma do exemplo, sendo este ponto vital para a não perpetuação do ciclo do não ler.

A moral da estória não se resume na dificuldade de ler, mas sim provocar a motivação para criar uma massa cultural dinâmica que possa ajudar e incentivar o próximo a imergir nas águas promissoras da arte da leitura.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

A sutil invasão de privacidade

Não faz muito tempo que impera a necessidade de interagir, de inserir-se na comunicação onipresente. A sociedade impõe-nos com urgência estarmos sempre disponíveis para qualquer um e em qualquer situação, já para as empresas é importante o controle de tudo que é produzido e até mesmo se conseguiu atingir o objetivo maior que é chegar ao consumidor sendo este mais um número em estatísticas de fidelização.

A tecnologia do sempre conectado surgiu de forma explícita para encurtar as distâncias e dar segurança ao cidadão, neste ponto de vista já domesticado pelo império do medo, o cidadão aceita complacentemente qualquer coisa que carregue o lema “para a sua proteção” e implicitamente esta tácita tecnologia embrenha-se para gerenciar perfis de consumo com técnicas mais sutis e invasivas.

O celular nosso amigo de toda hora, ou melhor de todo o segundo, demonstra a cada Natal que é o presente da vez, a abrangência que atinge seja em qual camada social for, é cada vez maior chegando o índice de uso ser superior a um celular por pessoa em algumas cidades. É a tecnologia encorpada em localizador camuflado, pois permite perimetrar as andanças de quem a usa, é a nova tática para triunfar na guerra entre fixos e móveis. Para que não pensem que seja loucura, algumas operadoras de celular em mais uma dessas promoções, propagandeam que o equipamento móvel passaria a ser similar a um fixo com preços módicos. Para obter tal benefício é necessário seguir um ritual que deve ser feito dentro de casa conforme a praxe da operadora. Agora não ache estranho se o celular passasse a ser chamado de dedurador-de-localização-telefônico.

Já outra tecnologia de comunicação é o GPS (sistema de posicionamento global) que permite localizar um objeto que a contenha, está cada vez mais presente na sociedade, seja para rastrear a integridade de um caminhão, avião ou navio, seja para facilitar a locomoção nas cidades. Esta presença, já está em certo ponto tão profunda que serve aos paranóicos transformarem o objeto em parte do corpo humano vislumbrando em proteção anti-sequestro. É a tecnologia avançando em nome da segurança.

Com o crescimento da cadeia de produção as empresas estão ávidas por um melhor e detalhado controle. Esta melhoria está sendo implantada por meio de etiquetas inteligentes denominadas RFID. Intrinsecamente elas contém informações do produto tais como: conteúdo, fabricante, validade e a mais interessante a localização, pois estas etiquetas emitem ondas de rádio-frequência que possibilitam obter os dados citados isto quando próximos a determinados receptores eletrônicos.

Fica o pensamento que em futuro não muito distante ao sair de um supermercado, o cliente não passará mais por caixas registradoras, mas sim somente por uma saída em que fornecerá o seu cartão de crédito já com as compras todas contabilizadas. Mas persiste a seguinte dúvida, será que os RFID's uma vez completado o objetivo de chegar ao consumidor cessarão de emitir o sinal ou ao aproximar de outro “inocente” receptor eletrônico voltaram a dedurar a sua localização ?
Não pense que estou falando do seu novo brinquedo que permite navegar na Internet sem aqueles emaranhados de fios. Pensando melhor, talvez a sutil invasão esteja só começando.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Livro eletrônico, uma necessidade

A escrita, esforço de transferir o pensamento para o papel não mudou ao longo do tempo, porém o meio que transmite a mensagem vem se transformando rapidamente. No princípio era um composto de algodão, chamado papiro, já com a produção em larga escala, transformou-se em papel que modificou-se de tamanho, forma e principalmente exponenciou a sua produção. Para minimizar os problemas de tal fato, a informática já se prontificou a criar tecnologia que substituirão os livros de papel.

Com o advento da evolução industrial e da tecnologia, o consumo de papel cresceu vertiginosamente. A produção mensal de textos foi alavancada a casa dos milhões, basta ver o volume de artigos, revistas e livros que são lançados.

De fato, os gastos com papel crescem ininterruptamente, ainda mais com a enxurrada de publicações que se propagam diariamente pela internet, sendo que muitos destes textos serão impressos isto devido a diversos fatores: a leitura demorada em um monitor de vídeo, mesmos para os mais avançados tecnologicamente como os de LCD, trazem consigo o desconforto da posição de leitura, da ofuscante claridade que cansa a visão e da falta do “aconchego” do texto nas mãos.

O aumento do montante de livros avança sem descanso. É notadamente visível que os textos aumentam, não só em tamanho, mas também na quantidade. Fica fácil perceber que o volume de páginas de um livro cresce a cada edição. Na atual situação, o crescimento da especialização vem favorecer a multiplicidade de títulos e o crescimento da abrangência dos temas. A consequência deste tópico se faz presente nas mochilas com rodinhas, na má postura e na coluna vertebral que nos avisa sobre o “peso cultural” que levamos.

Com tamanha voracidade pelo saber o ser humano inflige à natureza pesado tributo. Os ambientalistas chamam amiúde atenção para o consumo desenfreado de papel que faz reduzir várias florestas a um monte de resmas. Não faltam estatísticas que a produção de papel traz enorme impacto ambiental, levando em conta que para produzir uma tonelada de papel são necessários três toneladas de madeira, vinte e cinco mil litros de água e considerado consumo de energia elétrica nos fazem pensar em rever conceitos.

Diante do cenário acima montado, a contra-partida também se apresenta pela via tecnológica, diversas empresas, tais como a Philips, Sony e Irex Technologies (desenvolvedora do ebook Irex Iliad, vide: http://www.irextechnologies.com/) estão enveredadas em avançadas pesquisas na produção de artefatos que substituirão os livros de papel sem nada a dever, seja em leveza, design e comodidade.

Os livros eletrônicos ou ebooks, denominação sugerida para estes equipamentos, são produzidos com a inovadora tecnologia da tinta eletrônica (http://www.eink.com/) a qual permite a visualização perfeita, até em dias claros, de textos sem o incômodo da iluminação direta dos dispositivos hoje produzidos sem esta tecnologia.

Com tais funcionalidades, os ebooks minimizam os gastos com papel, com textos disponibilizados no livro eletrônico não necessita impressão, com uma biblioteca virtual, pois permitem o armazenamento de dezenas de livros, evita-se o ato de carregar pesados e volumosos livros e com a possibilidade de fazer anotações, ser um bloco de notas. Por esses e ademais motivos faz do livro eletrônico um produto de grande aceitação e abrangência de atuação.

Os parágrafos acima, sobre livros eletrônicos, não têm a pretensão de esgotar tão vasto assunto, mas sim de colocar o foco em importante tema que é a disseminação da leitura pela tecnologia digital, desta maneira protegendo o indivíduo e o meio ambiente.
E a natureza agradece. ;-)

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O porquê de ser mais um

Quando comecei a cogitar em escrever pensara eu que seria fácil produzir belíssimos textos de grande qualidade, com primor literário, objetividade e de fácil compreensão feitos de uma só canetada; não demorei muito a perceber que o lápis e a borracha seriam grandes aliados. Em ledo engano estava eu, envolto sob o manto da inexperiência que aqui se interpreta em teoria utópica não realizada na dura prática.

Decerto, não imaginei que uma simples folha em branco seria tão ameaçador obstáculo entre a incipiente semente literária que aqui vos escreve e a cátedra da Academia Brasileira de Letras. Brincadeiras a parte, a tempos atrás, começar em um blog não havia sido considerado, ainda mais que um blog não é feito para criação de peças literárias, mas sim um local que viabiliza a escrita sem as obrigações das exigências editorias, que no meu caso encaixara como uma luva, porém o fato de eu ser apenas mais um nas páginas da internet mostrava-se um claro incômodo.

A criatividade, faculdade esta que minimiza o incômodo, é o estímulo de sermos mais um, mais de um, sermos muitos, muitos em um só, é a materialização do ser diferente, é a força que nos move a sobressair da multidão, é a motivação de querer mudar o mundo, mesmo que esse mundo seja do tamanho de um blog, é a pluralidade de idéias em que apreendemos pontos que nos permitem, a cada dia, melhorarmos, é a diferença entre hoje estarmos sentados diante de um monitor de cristal líquido e a uma pretérita caçada com paus e pedras para saciarmos a fome.

Espero que com este texto possibilite motivar outras pessoas que sentem uma inexplicável vontade de escrever, que concretizem o sonho e que não se preocupem em ser mais um que escreve.