segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Deu branco

Sentado cá estou a esperar meu filho estudar. Sempre soube que o que importa é estudar. Não quero pensar em perder tempo em elucubrar que os outros estão a pensar. É uma dor que não alenta, não refresca se quer. Ouvi, de momento, de um transeunte a frase “não para de pensar” é estranho pois estou parafraseando o desígnio do cérebro, o pensar. 

Este produto criou-se de uma fagulha de um texto que tirei da internet sobre justamente o escrever. O título é “Deu branco” que discorre justamente sobre a dificuldade do insight na escrita. Parece irônico, mas estou-me a exercitar nas mesmas folhas que imprimi o dito texto. Foi sem pretensão já estava a vários meses com vontade querendo escrever. Penso que em muitas vezes é necessário um empurrão no carro engrenado assim como disse um entrevistado do texto. 

Estou verborrágico, desconexo talvez, o dique se rompeu, não sei até quando o rio vai escoar, permitir eu demonstrar a vontade de se expor. Estou cansado de pensar de pensar no que outros vão pensar. Não dá tenho que, mais uma vez, tentar. Em banco de madeira desconfortável, a caneta a cada palavra testa-me, freia-me, vive a falhar, por várias vezes quase foi ao chão, preciso trocar. Não posso tenho que continuar, estou a enfrentar forças desconhecidas que agora subsistem neste momento de prazer e glória. A mão pegou velocidade afundo com força no papel, tomou vida, escreve que não se arrepende, não olha e nem volta para trás está certo do que faz.

A caneta, traz à tona, certo desespero, voltou a falhar. Por favor, não agora depois de longo jejum da escrita, não me falte agora tenho que continuar.

O sorriso já desponta, o braço, a mão, o pensamento estão uníssonos cansados de tanto não escrever. Estou ofegante com a própria produção. A mente, um corcel indomável, corre atrás das palavras que o vocabulário teima em negar. A caneta amiúde falha, por Deus, não quer continuar. Espero que você ainda esteja aí, mas mesmo se não, não devo e não quero me preocupar.

A musculatura enrijecida, o banco já não conforta tanto parece sofrimento, o pescoço dói, as costas sofrem, mas não sou masoquista, contudo não posso e não quero mais adiar o prazer de escrever. Sedentário é a palavra que se encaixa e descreve a situação. Um escriba sedentário que quebra os grilhões da inércia, mas isso não é uma coisa ruim, tento aqui transmitir o insight, a faísca-relâmpago ou a coisa-criação, já não mais raciocinava direito, as palavras escapavam da mente que precisavam de coordenação em um texto que houvessem coesão.

Não quero que seja uma doença, uma sofreguidão, esse vácuo vocábulo tenho a esperança que seja uma troça da mente ou mesmo uma coça por ser esse literato sedentário. A caneta acabou, a mão travou, não há mais papel. E com tudo isso, como disse no início, estou a esperar o filho estudar que acabou de chegar que pergunta o que estou a estudar. E respondo que estou aqui criando um homem mais feliz.

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